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18 de maio de 2009

Sem pernas e sem braços pouco podemos fazer

Dia 15 deste mês, sexta-feira portanto, a aula de Ordenamento do Território VI foi deveras interessante. O tema deste semestre, digamos assim, é elaborar um Plano de Pormenor de numa área à nossa escolha. Essa escolha dependeu da caracterização da vila de Condeixa-a-Nova, feita no semestre anterior. Após a análise foi elaborado um conjunto de linhas estratégicas que estão de acordo com a visão que pretendemos. Feito o diagnóstico tivemos de escolher uma área prioritária. A minha zona é a “baixa” de Condeixa e já tenho o plano mais ou menos feito, como quem diz: as intenções já lá estão. Bom, mas os detalhes do meu plano ficam para outra altura. Apenas gostava de frisar dois aspectos que retive nessa aula. Em primeiro lugar vou-vos elucidar o que passou nesse dia. Ora de manhã tivemos a visita de um arquitecto paisagista da Câmara Municipal de Oeiras. Pelo que nos foi apresentado, o PDM de Oeiras, notei que para elaborar um plano, para que este seja realmente bom, é imperativo ter uma equipa o mais diversificada possível. E claro, quantos mais elementos melhor, pois o processo criativo fica mais acelerado. No entanto, o que mais me impressionou foi o facto de que em todo o processo de criação de um plano existe sempre um controlo de numerários. Este facto implica que sejam feitas previsões e claro que com isto a elaboração do plano anda para trás e para a frente até que todas as contas batam certo. Um outro entrave é a vontade política. Um político define o que é prioritário fazer assim como se encosta à sombra. O que quero dizer com isto é: o conjunto político tende a solucionar os problemas evidenciados antes das campanhas eleitorais, mesmo que a nível técnico seja necessário ir por outro rumo e por outro lado, só começa a trabalhar momentos antes da próxima campanha eleitoral, o que faz arrastar e atrasar obras importantes para a sociedade. Assim, na parte de manhã retive que se queremos que um plano vá para frente temos que o calendarizar para perto dos anos eleitorais, senão o mais provável é ser posto na gaveta. Passada a apresentação tivemos a discutir um pouco os planos de todos os meus colegas mas o tempo já era curto e não nos pudemos alongar. Após o almoço fomos às Piscinas Municipais de Condeixa-a-Nova onde nos reunimos com dois arquitectos da Câmara Municipal. Por sorte ou azar meu fui logo o primeiro apresentar o meu plano, talvez por ser o mais novo… Com algum nervosismo lá fui tentando explicar a estratégia do meu plano de pormenor. Senti que ainda havia muita coisa para dizer mas como éramos muitos tive de sintetizar ao máximo. Após a leitura dos outros planos para a mesma zona, os dos meus colegas, ouvimos com atenção a dupla de arquitectos. Pelo que ouvi, senti uma maior segurança nas minhas pretensões, até situações que me pareciam um pouco gratuitas vi que eram deveras importantes. Palavras como água, conexão de espaços, edifícios notáveis, património arquitectónico e não só e zonas de lazer chamaram-me atenção. Era basicamente as palavras que queria ouvir, uma vez que são alguns dos cuidados que tive na elaboração da estratégia do plano, o que me deixou muito mais seguro em ralação às opções que tive. Depois de vermos outros planos, de outros colegas, de outras zonas, discutimos todos mais uma vez com a dupla de arquitectos. Vimos que no geral todas as nossas preocupações eram as mesmas que eles vivem diariamente na Câmara Municipal. O grande entrave que existe para a elaboração destes planos é mesmo a burocracia e a falta de fundos. A burocracia é mais moldável que a inexistências de fundos no entanto esses fundos podem ser obtidos a partir de fundos comunitários ou de artimanhas políticas, como são os ditos fundos de requalificação. Isto é, o que existe pode estar totalmente errado mas como não se pode começar do zero por falta de dinheiro vai-se minimizar os efeitos nefastos com requalificações ou readaptações. Um desses arquitectos também referiu que um dos maiores problemas que se enfrenta nas Câmaras é o levantamento cadastral, fundamental para se saber que zonas são privadas ou públicas e no caso de serem privadas, se se podem expropriar ou não. Concluindo, um dos grandes entraves é mesmo ter falta de dinheiro para comprar esses espaços, fundamentais ao plano, a entidades privadas. São estas iniciativas, estas trocas de ideias com arquitectos, que têm muita experiência no meio, que conseguimos ter o lado real das disciplinas. É de louvar e de aproveitar todas estas participações com arquitectos convidados, uma vez que assim separamo-nos da hipótese académica e nos aproximamos mais da hipótese real. Mais tarde irei publicar no blog o plano de pormenor de Condeixa-a-Nova, até lá.


área do plano de pormenor

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