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16 de novembro de 2008

Compexidade e Contradição em Arquitectura

Bom, como no exercício 5 tínhamos de escolher um livro e um arquitecto, a minha escolha recaiu para o Complexidade e Contradição em Arquitectura de Robert Venturi, sendo que escolhi como arquitecto os Archigram (grupo de arquitectos). Acabei agora de ler o livro. Houve partes que fiquei intrigado, outras que gostei e outras que senti que perdi tempo a lê-las. Como já deve ter dado para ver, não gostei de ler o livro mas vou explicar já o porquê. Em primeiro lugar o texto não é muito fácil de seguir. Não sei se foi erro da tradução, mas o facto é que quem o escreveu (sabemos que Venturi teve uma ajudinha) não deve ter lido a sua obra, pois usa e abusa de frases muito longas. O uso de frases longas é prejudicial para quem lê um livro de 230 páginas. Como o livro é bastante monótono, custa ler assim. Outro problema que notei foi a referência de imagens no texto. Supostamente essas imagens deveriam ser colocadas na mesma página onde são referidas o que por muitas vezes isso não acontece, mas atenção, não estou a falar de imagens já referenciadas em capítulos anteriores. Agora vamos ao que interessa, que é a arquitectura. Os capítulos do livro chamam muita atenção pois têm temas algo complexos como: ambiguidade, níveis contraditórios, contradição adaptada e justaposta Venturi relacionou estes temas com obras, muitas delas anteriores ao séc. XIX (e muitas situadas no território italiano, talvez por ter estudado lá grande parte do seu percurso académico). Se nesse período a escola era inexistente ou se erguia por cânones, acho que a escolha para demonstrar a sua perspectiva poderia ser direccionada mais para edifícios mais “recentes” (do séc. XIX para cima, embora para cima seja impossível uma vez que o livro foi editado no séc. XX). Não sei se o objectivo de Venturi era apenas criticar essas obras históricas e enaltecer outras, porque se o objectivo era revelar a sua perspectiva de ver a arquitectura falha redondamente. Falha porque quando se começa a ler algo mais objectivo e pessoal há uma quebra. Até mesmo quando suporta opiniões de outros arquitectos, como Kahn, Mies ou Le Corbusier, não as desenvolve, por muita pena minha. Gostava mais de ler algo sobre a sua visão, saber quais são os seus argumentos, válidos, para justificar a sua linha de pensamento. Já li alguns livros de Teoria e Crítica de Arquitectura e este foi o pior até hoje. Talvez seja ainda muito naif em relação à Teoria e Crítica de Arquitectura, mas o que expresso aqui é apenas a minha opinião. Resumindo penso que seria muito mais interessante, mas também muito mais arriscado, se Venturi escrevesse sobre as sua ideias em “estado puro”, sem recorrer a exemplos de outros e sem rodeios, utilizando apenas a sua arquitectura ou esquemas/desenhos.


É um pouco complicado relacionar o livro com os Archigram, pelo que vou ter de me basear em frases, das poucas que existem, que falam das certezas de Venturi. Se soubesse em antemão que o livro me iria desagradar tanto tinha escolhido o Não Lugares (embora ainda não o tenha lido), como foi a minha opção inicial. Um livro que é bastante teórico e que, para além de estar bem escrito, tem argumentos válidos é o O que é a Arquitectura, da autoria da crítica de arquitectura Maria João Madeira Rodrigues, das edições Quimera. Embora seja um livro que exija atenção, é um livro curto e objectivo, tal e qual como a arquitectura deve ser vista.


Fica a salvaguarda que não estou a dizer que o livro de Venturi não deve ser lido, ou que é muito mau de se ler, simplesmente acho que poderia ser bem melhor se fosse melhor direccionado. E o facto de não gostar particularmente da arquitectura de Robert Venturi não influenciou a minha opinião sobre o livro.

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