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13 de novembro de 2008

Lisbon (short) Story - Lisbon Story at Night

Na minha ida a Lisboa consegui visitar quase todos os lugares da lista: a Lx Factory, a Igreja de S. Domingos, a Casa do Alentejo, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, a Escola Secundária de Benfica, o Hotel Ritz e a Pastelaria Mexicana. Para além destes espaços houve outros que captaram a minha atenção enquanto me perdia (e me encontrava) por Lisboa, como o Instituto Superior Técnico, a Escola Superior de Comunicação Social, o Hotel Avenida Palace, a Estação do Rossio, o Hard Rock Café de Lisboa, o elevador de Santa Justa, a Igreja São João de Deus, a rua da Betesga, as ruínas do Convento do Carmo, o Hotel Internacional, o Banco Totta e Açores, o Teatro Politeama, a Associação Comercial de Lisboa, a Sociedade de Geografia de Lisboa e o Teatro D. Maria II. Embora tenha sido uma viagem a correr e gostasse de falar também nos outros, não há tempo nem espaço. Mesmo assim quero-vos falar de dois espaços em particular.

Numa fase mais de descontracção, à noite, passei pelo Bairro Alto. Aí, chamou-me a atenção todo o ambiente festeiro, à volta da praça Luís de Camões assim como em todas as ruelas do bairro. Quando já se caminhava para a madrugada passei pelo Cais do Sodré onde encontrei o bar/discoteca Jamaica. Trata-se de uma minúscula discoteca que espezinhava qualquer tentativa de locomoção. Partilha a rua Nova do Carvalho com bares de alterne com nomes de cidades costeiras. Essa atmosfera decadente, de pouca luz, interrompida pelos clarões dos néones, enquadrada com o viaduto que passa por cima da rua, fez-me lembrar daqueles momentos dos filmes de terror em que sabemos que a personagem não devia estar ali pois o mal parece eminente. Esse ambiente obscuro tanto me causa repulsa como me apaixona. Há aqui um certo je ne sais quoi, algo diferente, algo inexplicável que me dá vontade de lá voltar. Rodeado por edifícios centenários num ambiente sombrio, noto uma ambiguidade, uma contradição. Este ambiente “pouco recomendável” como é que atrai tanta gente? Será pela obscuridade, pelo ambiente de submundo? É claro que todas as pessoas cuja entrada é negada em locais onde predomina a sociedade de elite vêm aqui parar. Este ambiente não repulsa nem exclui ninguém, está aberto ao mundo e não critica o mesmo, isto é, é um ambiente que nos deixa ser quem nós somos, onde não se ouvem risinhos nem comentários desagradáveis. É claro que o Bairro faz a mesma coisa mas não de forma tão contrastante.

Mais tarde ainda, fui ao Lux, uma discoteca à beira rio plantada, famosa no panorama nacional. Sendo a minha primeira vez, nunca pensei que este ambiente me fosse aborrecer tanto. Agora vejo com certa ironia o contraste entre o Jamaica e o Lux. No Lux senti um ambiente pomposo, feito para as aparências. A decoração tentava ser diferente e magnífica, no entanto não me surpreendeu. À entrada disseram-me para tirar fotografias apenas às pessoas que conhecia, pelo que não tenho nenhum registo fotográfico do que vi (ainda bem, não?). Senti um ambiente kitsch, onde o propósito da decoração falha redondamente, talvez por ter sido feita por alguém que não entende o glamuor da noite, nem sabe o que é ser-se artístico. A grande desilusão talvez se deva ao meu conhecimento de decorações anteriores do Lux baseadas em temas fortes que achei fantásticas. É da mesma maneira pessimista que vejo os frequentadores do Lux. Embora sejam da elite de Lisboa, copiam tudo o que há de mau (e de bom…). Apresentam a mesma atitude, a mesma maneira de agir, até parecem iguais, sem identidade própria. Vestem-se de tal modo parecido que parecem clones pontualmente diferentes, e quando alguém se tenta destacar, falha redondamente, tal e qual como a decoração Kitsch. Até a própria música não faz jus ao que se pretende, não serve como música ambiente, nem como música de discoteca, talvez tenha apanhado um mau dia. Visto ter-me desiludido tanto virei-me para a arquitectura, e o que de bom encontrei foi o esquema programático da Lux. A meu ver, a discoteca funciona bem por ter os espaços bem controlados e bem identificados. Ao passear-me pelos espaços notei que estes estão tão interligados como separados, o que é bom. As diferenças vão-se tornado perceptíveis gradualmente, o que faz deste lugar um todo com marcações visuais pontuais.


Rua do Jamaica (de dia)


Entrada do Lux

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