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17 de dezembro de 2008

Projecto - questões levantadas por Joana Labela

Antes mais obrigado pela tua crítica! Só nos tornamos melhores se soubermos aceitar as críticas exteriores, só assim e que poderá haver evolução. Peço desculpa pela qualidade dos desenhos mas como ainda não fiz o tratamento dos mesmos é normal que não se leia o texto, daí não perceberes onde estão as funções.

Em relação ao mobiliário, e como estamos a trabalhar à escala 1/200, penso que para já não me vou preocupar com isso. Uma vez que a escala é grande não existe o “Zoom” necessário para essa especificação, embora essa preocupação seja importante e que a tenha de relacionar no projecto.

Agora vou tentar responder as tuas questões, e uma vez mais, muito obrigado pelas críticas.

“1- O teu projecto respeita alguma métrica ou malha estrutural?! Uma vez que tens o cuidado de ter paredes a coincidir com paredes, parecendo que estás “agarrado” a uma métrica, e posteriormente este conceito perde-se no que se refere aos topos das salas do piso de menor cota surgindo como uma espécie de “degraus”, será que não beneficiava se considerasses uma área média para todas as salas?! Ou será que é propositado?!”

Todos nós sabemos que a estrutura é importante e que num edifício de carácter público quanta mais métrica for usada mais económica se torna a obra. Mas a obra de arquitecto não se deverá preocupar muito com isso nem pode de deixar de se preocupar. Sendo um trabalho académico não me preocupo muito com essas questões, mesmo sendo elas muito importantes no nosso futuro profissional. Como o meu corpo se desenvolve em Y e tenta estar em consonância com o terreno procura de certa forma ser o mais orgânico possível, mas é claro que quer também separar-se um pouco disso, ou seja, quer ser uma obra feita pelo Homem, uma arquitectura. Não percebi o que queres dizer com “coincidir paredes”, o facto é que cada divisão vai partilhar uma parede com a outra o que é normal em todos os projectos do Mundo. O piso inferior, aquele que chamo cave, não se preocupa com a tal “métrica” de que falas. Este piso uma vez enterrado não vai ser preciso tanto cuidado em relação à métrica. O conceito de “área média” é impossível de se aplicar uma vez que temos exigências em termos de áreas. Cada divisão, cada espaço tem a sua própria área, como tal não pode haver uma “área média”. A única “área média” que irei usar é em relação aos depósitos nos pisos superiores, mas não lhe chamaria de “área média” mas área total.


“2- Qual é a relevância ou a fun
ção da área criada pelo desenho das paredes curvas?! É meramente ocasional com vista a dar forma ao próprio edifício e romper com ela, ou têm alguma função inerente. Visto que nas plantas e uma vez que referes ser cave, não consigo perceber o porquê da sua existência, já que dão a entender que não são acessíveis, ou serão depósitos?!”

Como já sabes, o meu programa distribui-se a partir do átrio. Este átrio em círculo irá distribuir o programa de forma circular relativamente ao centro do átrio. O programa aparece curvilíneo porque vai ser a própria pele do edifício, tem de parecer que ele está embutido nas paredes do objecto. O programa é relevante uma vez que sem ele não existe função. O facto de ser curvilíneo ou não relaciona-se com a forma do objecto, e não apareceu do acaso. Foram elaborados muitos estudos que me fizeram acreditar que esta forma seria a melhor para projectar e que melhor responde às funcionalidades necessárias. Não vou dizer qual o programa especifico previsto nesse círculo, nem nas outras partes. Até porque tu sabes qual é o programa específico para a biblioteca, o que penso que não estas a entender é onde funcionava o quê. Em relação a isso, o que posso disser e já o disse, é que o átrio forma uma rótula que distribui a biblioteca em 3 braços. Esses braços correspondem: à biblioteca de adultos, à biblioteca infantil e juvenil e ao arquivo. Isto tudo funcionará no piso 0. Os restantes pisos acima dele serão destinados a depósitos. A cave será esculpida no terreno e terá todo o programa restante. Relativamente aos acessos posso dividi-los em dois tipos: um privado e outro público. Como a qualidade dos desenhos em pdf não é a melhor, garanto-te que eles existem. O átrio terá uma rampa para a cave assim como escadas e elevadores. Tão previstas escadas e elevadores para os funcionários, estes dois elementos ligaram na vertical todos os pisos.

“3- E no que lhe respeita, em que é que o teu projecto beneficia com a sua existência?!”

O meu projecto tenta responder aos objectivos da cadeira. Foi-nos incumbido elaborar um edifício para ser Biblioteca Pública e Arquivo Regional que estivesse associado a um Parque Cultural em torno das Ruínas de Conímbriga. Como sei que do meu lado não temos grandes elementos atractivos, espero que a minha intervenção o seja. Quero que o meu edifício tenha personalidade e identidade próprias como que entrasse em competição com as Ruínas. É claro que essa intenção é muito ambiciosa mas acho me altura para lhe fazer frente, uma vez que estou mesmo empenhado que o meu projecto resulte. Espero que isto responda a tua questão.

A minha grande dificuldade é a iluminação da cave, não sei como resolver isso, se com pátios interiores ou clarabóias. Ainda é algo a estudar.

“4- Se o teu conceito surge como uma massa própria na qual se esconde o programa da biblioteca e arquivo e demais funções, porque razão este conceito não é mantido na planta de menor cota?!”

Não acho que a biblioteca e o arquivo estejam escondidos, a cave sim. Para mim, os elementos importantes, são: o átrio, a biblioteca e o arquivo, e são estes que se iriam demarcar no terreno. A cave, que se prende mais com os serviços, é que estará escondida, será o sistema circulatório do Coração (biblioteca e arquivo). O ideal seria que se seguisse a mesma linguagem, no entanto, para responder as especificidades dessas funções achei melhor esconde-las. Escondi-as para que os utilizadores não tivessem a noção do funcionamento do complexo, assim dou privacidade ao público e aos funcionários. Uma outra razão da configuração do projecto ter zonas escondidas e zonas à vista foi a integração do mesmo no terreno.

“5- Será que se mantivesses o mesmo tipo de desenho nos diferentes pisos, não terias resolvidas as questões que se prendem com a iluminação e organização interior da planta de menor cota?! Até aqui, na minha humilde opinião, se mantivesses a forma em Y, nesta planta, relativamente à organização das salas, penso que ajudar-te-ia a uma melhor organização espacial. Uma vez que de momento não me parece nada coerente como os restantes pisos, apenas fortuita. “

Uma vez mais, os meus desenhos não são fortuitos, nem aparecem do nada. O desenho das plantas resulta do meu método de trabalho – os meus estudos. O interior parece-me totalmente resolvido, excepto a cave devido à iluminação. Como estamos a projectar uma biblioteca, a iluminação natural de norte nunca seria suficiente mesmo assim prevejo abrir clarabóias na cobertura e as pontas de cada braço terão vão virados para a paisagem e para a Luz. O uso do mesmo desenho em todas as plantas não é coerente como já expliquei anteriormente, ao contrário da tua opinião. Preferi ter mais riqueza no projecto em vez de ter plantas que parecem a repetição umas das outras. Esse caminho de que falas seria o mais fácil mas não o melhor.

“6- No que diz respeito a circulações verticais, utilizas somente escadas?! Ou tens elevadores e/ou monta-cargas?!
Já que cada vez mais tem que se ter aten
ção às questões de mobilidade dos utentes no interior dos edifícios. Ou tudo a favor da arquitectura e das vontades do arquitecto. Entendendo e considerando que te preocupaste com isso, sendo esta questão a menos pertinente, e talvez já em tom de brincadeira, porque nestas plantas só vejo escadas e rampas.”

Já respondi a esta questão em respostas anteriores. Sim, tenho escadas, rampas e elevadores. Uns são públicos outros são dos serviços. Essas ligações verticais são responsáveis pela funcionalidade de todo o complexo. A mobilidade, a funcionalidade e a coerência são algumas das palavras-chave da boa arquitectura como tal o arquitecto tem de se preocupar com elas. O arquitecto tem de ser humilde e de perceber os problemas das suas próprias soluções. Quem se preocupa só com o seu umbigo nunca será um bom arquitecto porque para fazer arquitectura implica saber trabalhar em equipa, é necessário relacionar-se com outros elementos responsáveis pelo projecto. A arquitectura não é uma disciplina isolada mas um conjunto de muitas outras.

Amanhã mostro-te com maior rigor o que quero para o projecto. Gostei que tivesses intervindo no Blog, já há muito tempo que espera que alguém levantasse problemas. Sei que há muito que não tinha uma planta definitiva que desse para ser discutida, pe
ço desculpa por isso ter acontecido. É claro que não vou levar a mal nem faz sentido levar, isto faz parte da vida académica. Uma vez mais OBRIGADO pelas dúvidas que apresentaste.

1 comentário:

  1. Obviamente que vou ter agora mais prazer ainda em conhecer o teu projecto! Esclareceste-me em muitos aspectos e suscitas-me mais questões que terei imenso prazer em ver contigo.
    Concordo plenamente contigo quando dizes, passo a citar:
    «Quem se preocupa só com o seu umbigo nunca será um bom arquitecto porque para fazer arquitectura implica saber trabalhar em equipa, é necessário relacionar-se com outros elementos responsáveis pelo projecto. A arquitectura não é uma disciplina isolada mas um conjunto de muitas outras.».
    Não só na arquitectura mas em todas as outras áreas, porque é isso que nos torna seres cultos e capazes. Lamento que não tenhas entidido o meu comentário, passando desde já a corrigir-te e voltar a afirmar que, em primeiro lugar não disse nem pus em causa que os teus desenhos eram fortuitos e que não fizeste estudos, disse sim, para que se entenda e esclareça, que o desenho ou organização espacial do piso da cave, somente esse, me parece mal resolvido, a meu ver, se o consideras resolvido muito bem, o projecto é teu e com ele segues o caminho que quiseres para mim isso é-me totalmente indiferente, tendo em conta que não é a mim que tens de dar satisfações nesse ou em qualquer outro aspecto relacionado com o teu trabalho.Somos colegas apenas! Em relação, às escadas, isto é, às circulações verticais, como disse, já era em tom de brincadeira. e como referi por diversas vezes o comentário foi na base da suposição e com base nos desenhos pouco legiveis do pdf que obviamente tenho consciência das questões inerentes ou subjacentes a isso, agradecendo desde já o teu esclarecimento. E devo informar-te que até hoje, embora penso que já te tinha dito, que esta deve ser a primeira vez que tive uma má experiência em trabalhos de equipa, porque até é algo que me interessa e estimula bastante, e não é a primeira vez que trabalho em equipa, já liderei equipas e já fui liderado por alguém, e não somente em termos académicos, o que me faz perceber muitas fragilidades. E cada vez mais acho que antes de usarmos frases cliché,isto é, frases feitas, também devemos olhar para elas e analisá-las para as entendermos antes de as usarmos. Porque para nos acharmos seres superiores temos que ser capazes de realmente o ser. Não estando com isto a fazer referências concretas ou directas nem a ti nem a qualquer pessoa em particular.Como sabes ou penso que sabes, sou uma pessoa recta e frontal, e gosto de dizer o que penso quando considero apropriado, felizmente ou infelizmente, apesar de não parecer, aquilo que tu sabes em relação à apropriação das escalas ao desenho também eu o sei e já não é de agora, nem de há 3, 4 ou 5 anos,entre muitas outras coisas. Porque apesar de ser calada e de mandar algumas gafes também tenho um certo dominio cultural, se calhar até em dominios que tu não tens e vice versa,o que não faz de mim nem melhor nem pior pessoa em relação aos outros, também tenho fragilidades e não tenho preconceitos nenhuns em admiti-las porque é assim que as pretendo superar. Se fosse de algum modo narcisista consequentemente não estaria a perder tempo a comentar o teu trabalho nem o de qualquer outro colega,porque acima de tudo respeito a ideia e maneira de ser das pessoas quer goste ou não. Aliás espero, e de todo não é minha intenção "lavar roupa suja"(porque isso é que é ser pequenino) que entendas este comentário como uma critica construtiva como eu considerei o teu, o qual não invalida nem questiona a tua maneira de estar, projectar ou mesmo o teu método de trabalho, porque cada um de nós tem o seu,não é verdade?!apenas um comentário aos posts de projecto. embora me pareça que ficasses um pouco aborrecido, porém questiono se não me terei expressado bem, adiante... acredita que não estou aborrecida contigo muito pelo contrário, gostei da nossa pequena "discussão"!
    como alguém diria, o blog é para gerar discussões... eis a primeira!!!:)

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